domingo, 24 de agosto de 2008

Vocacional Apresenta - Encontros

Encontro 1 - 06/07/08 - Tendal da Lapa

Registros dos Temas de Discussão

Interpretação. Caminhos. Mediação: Walmir Pavam

ALGUNS CAMINHOS DE INTERPRETAÇÃO NO CONCRETO DA CIDADE
Walmir Pavam
Mediar qualquer coisa é mesmo uma tarefa ingrata. Essa máxima é conhecida, principalmente no que diz respeito a um debate público, e nesse caso, não raro o mediador é o vilão da história: “O cara não deixa os palestrantes terminarem sua idéia!” ou “Só fala besteira!” ou ainda “Pra que mediador? É só deixar as pessoas falarem!”. Além de ouvir diversos impropérios desse tipo sobre debates que assisti, já proferi alguns, e o pior, também os recebi algumas vezes naqueles que mediei.
Pensando nisso, comecei a me preparar com um certo receio para a tarefa de mediar a mesa Interpretação.Caminhos no evento Encontros, da ação Vocacional Apresenta, do projeto Teatro Vocacional, com grupos amadores da cidade: “Qual a validade da minha ação? Teria competência para isso? Não seria melhor que eles próprios conduzissem sua discussão?”
Mas ao respirar melhor, voltei a raciocinar. O ato do encontro para debater questões de uma comunidade, seja ele de natureza profissional ou não, com intuito político ou artístico, não é uma prática, digamos, predominante. Hoje, além de trabalharmos muito, boa parte de nosso tempo é reservado, a gosto ou contragosto, para assimilar imagens, reproduzi-las publicamente e fazer delas algo concreta ou mentalmente consumível, tudo sem muita discussão, aparentemente sem neuras e que viva o fugaz! Sendo assim, nesse excitante marasmo, um debate é certamente algo importante, e quiçá também o seja um mediador, que é um ser que estimula o pensamento e a reflexão coletivos.
Com essa razoável justificativa, já estava psicologicamente pronto para desenvolver melhor uma proposta de mediação. Procurei referências, pensei em estratégias. No dia do evento, houve em primeiro lugar um relato da experiência de alguns dos grupos participantes, e depois todos se dividiram em mesas, com temas diversos relativos à prática teatral. Para a minha mediação, decidi adotar como provocação inicial uma frase de Patrice Pavis, em seu Dicionário de Teatro:
“A interpretação do ator varia de um jogo regrado e previsto pelo autor e pelo encenador a uma transposição pessoal da obra, uma recriação total pelo ator, a partir dos materiais à sua disposição. No primeiro caso, a interpretação tende a apagar-se a si mesma para fazer com que apareçam as intenções de um autor ou de um realizador(...). No segundo caso, ao contrário, a interpretação torna-se o local onde se fabrica inteiramente a significação(...)” (PAVIS, 2001: 212)
Mas logo ao começar a ler a frase para eles, num tardio e cinematográfico lapso de lucidez, comecei a pressentir que os termos de Pavis poderiam ser um tanto complicados para quem estava começando a fazer teatro, não era profissional ou não tinha uma vivência teórica mais constante. Terminada a frase, silêncio. Então, logo em seguida, segundos depois, num surpreendente e contemporâneo lance de rapidez, decidi rever a frase com outras palavras, mais usuais, e todos entenderam: “Até que ponto o ator só obedece o autor e o diretor, ou ao contrário, consegue ser também um criador, assim como os outros artistas do grupo?”.
Logo começaram a se pronunciar. Alívio. “Ufa”, pensei, “parece que não será um fiasco”. Durante a conversa, na medida do possível, fui transferindo o foco de atenção de minhas próprias dúvidas sobre condução de debates para o prazer de ouvi-los. Havia muita coisa para ouvir e observar: jovens com vontade de se posicionar, de desenvolver uma ação coletiva que diga respeito às pessoas, de relatar experiências artísticas significativas para eles e sua comunidade, de aprender coisas novas... além do próprio conteúdo das falas, revelador das diversos caminhos do teatro paulistano. Fui anotando o que podia...
Estavam presentes representantes dos seguintes grupos: Artemanha, Pé di Pano, JALC, Vital. Os representantes do grupo Artemanha eram Thaiane, Cíntia, Emerson e Patrícia; do Pé di Pano, Bruno; do Vital, Luciene; do JALC, Cassio, além de outra menina que entrou depois, cujo nome eu não me recordo, infelizmente. Além disso, participaram também nossas colegas artistas-orientadoras Patrícia Rezende e Ângela Barros, esta responsável pela anotação das principais discussões levantadas pela mesa, e contribuíram bastante para a conversa. A partir da citação inicial e das falas deles, eu e as artistas-orientadoras fomos levantando questões derivadas, que estimularam a verticalização da discussão e ao mesmo tempo, estabeleceram paralelos entre falas aparentemente não relacionadas:
Que formas de criação o ator pode ter? Quais os limites da sua criação? Qual o papel da improvisação? Qual a relação entre interpretação e encenação? O que o ator precisa estudar e pesquisar para ser de fato um criador? Até que ponto obedecer um diretor não faz de um ator um criador?
Relato aqui algumas colocações dos debatedores:
“Já fazia teatro, mas nunca tinha visto nenhuma peça, só assistia novelas. Como podia fazer o que não conhecia? Quando comecei a ver peças, percebi que é diferente estar no palco e ver na TV; a energia é diferente.”
“O ator pode fazer diferente do que está no texto.”
“Fizemos uma peça musical sem falas sobre a cidade.”
“A diretora passa o texto para cada um, nós lemos primeiro e vemos se todos concordam em fazer a peça. Daí, cada um escolhe qual personagem gostou e fazemos um teste: uma leitura dramática para escolha do personagem. Ela não escolhe sozinha, o grupo dá opiniões do que ficou melhor para cada um.”
“Durante os ensaios, altera nossa maneira de atuar.”
“Depois que o diretor apresenta uma proposta de tema, cada um pesquisa um pouco do assunto, e discute teoricamente com o grupo, defendendo uma posição.”
“Os povos antigos se sentavam em círculos para conversar e discutir. O teatro é assim também, porque todos se vêem, e você pode discordar, respeitando.”
“O palco em arena aproxima mais o público do ator.”
“Não só faço o que o diretor diz, vou buscar no enredo, entender o que se passa na história, procurar referências.”
“Eu ainda não sei o que faço para interpretar. Sou muito técnico, perfeccionista, fico atento a cada movimento da minha ação, fico muito preso.”
“Eu observo no dia-a-dia pessoas que podem me inspirar para o personagem, não fico muito preso ao corpo.”
“Pessoas têm impressões diferentes sobre o mesmo tema e sobre o personagem.”

Ângela Barros ressaltou lucidamente a importância de observar o mundo e ler teatro -peças e teoria- para a formação do ator. Mas ao final, fiquei com a impressão de que algumas idéias poderiam ter sido mais desenvolvidas. De novo a questão: o debate e a mediação valeram para algo? Resposta: é claro que sim, desde que eu pare de pensar de uma forma imediatista. As descobertas serão certamente levadas aos grupos, instigarão outras pesquisas e amadurecerão no tempo certo. Além disso, deu para perceber que a interpretação não é apenas uma questão técnica do teatro, é também uma forma de rever atos humanos, porque essas pessoas, ao compararem diferentes formas de abordar personagens e cenas, refletem também sobre sua condição e sobre o mundo.
E, pensando bem, também não dá para desprezar o olímpico Pavis, que no final das contas, remexido e realocado, foi o fator teórico propulsor para a discussão de uma boa parte do teatro concreto realizado hoje em São Paulo.
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Registro: integrante de grupo participante
Interpretação... tão boa é aquela primeira sensação de se ver e sentir a maravilha que é o teatro ao assistir um espetáculo. Até onde nos aprofundamos em nossos personagens? Até que ponto seria mais saudável colocar algo meu numa interpretação, ou melhor, num personagem?

Registro: Ângela Barros
Grupos Envolvidos: Artemanha - Pé di Pano – Vital – Jalc
Representação ou Interpretação? Jogo regrado e previsto para o Ator
Nos ensaios invertem as condições da personagem,se é jovem passa a ser velho...
fazem teste para as personagens... habilidade de cada um... assistem filmes, peças... pesquisas na Internet.... Trabalho de mesa.... Protocolo.... Relatório.... Texto é pretexto... Tempo...inspiração... Coisas do corpo.... Coisas da fala.... Coisas do dia-à-dia... Pesquisa como é a personagem...como vive...como pensa....

Obs. Os grupos necessitam de instrumentalização teórica, sem uma boa teoria não há domínio da prática.

Pesquisa. Preparação para criação de um espetáculo. Mediação: Luciano Gentile

Protocolo: jogo do ventilador imaginário
Por Luciano Gentile
O tema: Pesquisa. Criação do espetáculo
Começamos formando uma roda para uma breve apresentação de cada um. Em seguida, cada integrante do círculo expôs sua expectativa em relação ao tema. Nesse momento percebi que deveria mudar radicalmente minha idéia inicial para mediar esse encontro.
Havia na fala de cada um, direta ou indiretamente, uma conexão rígida entre as palavras pesquisa e texto, e entre as palavras criação e ensaio. Como se só fosse possível investigar ar algo através da leitura de textos, quando não só através de textos colhidos na internet; e como se só fosse viável a criação durante o ensaio, e só.
Ainda pré-ocupado com essa percepção, após o término da rodada das falas de cada um, pedi para que relatassem como se dava a pesquisa e a criação em seus respectivos grupos de teatro. Mas houve uma regra que coloquei para mim mesmo: enquanto um falava, eu deveria levantar semelhanças e diferenças entre os relatos.
Minha conclusão: não houve diferenças, somente semelhanças.
Mudei radicalmente a idéia inicial para a mediação do encontro e propus perguntas que levaram os integrantes para dentro de seus grupos, para dentro de seus ensaios, para dentro de suas formas de trabalho, para dentro de si mesmos. Também eu aproveitei e fui para dentro de mim mesmo. Vi um ventilador imaginário numa tarde de sol e calor. Lembro não só de minhas perguntas mais de outras muito mais interessantes:
- Sim, faço parte de um grupo de pesquisa. O que estamos pesquisando?
- Quando a pesquisa necessita da criação? É preciso criar procedimentos de abordagem diferentes para cada tema?
- É possível pesquisar algo sem ler um texto?
- Mas um ensaio é uma pesquisa ou uma forma de condicionamento?
- Quando uma apresentação é um ensaio? E quando um ensaio é uma apresentação?
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Registro: Alexandre Machado
Talvez um dos temas mais delicados durante o processo do grupo seja a montagem de um espetáculo, o que eu acho interessante desse tema, que o Paco me pediu pra tratar hoje aqui, é que geralmente agente começa um processo assim “ Ah vamos montar um espetáculo” e com isso agente começa o processo de pesquisar e vai e pesquisa, pesquisa, pesquisa e de repente pá “vamos montar o espetáculo”, como se as coisas fossem separadas – como se a parte da pesquisa fosse separada da hora de montar o espetáculo em si. É bastante difícil agente tentar compreender mesmo ”A pesquisa já é parte do processo do espetáculo”. Eu escuto muito, quando eu pergunto nas andanças algo do tipo:
(Eu) E então o que vocês são?
(Grupo) Há nós somos um grupo de teatro de pesquisa
(Eu) Legal! E o que vocês estão pesquisando?
(Grupo) Não agente é um grupo de pesquisa.
(Eu) OK, mas o que vocês estão pesquisando?

Dificilmente um grupo vai responder.
Então significa que se nós temos uma pesquisa é algo que agente vai colocar alguns parâmetros pra ir pra um desconhecido, sempre algo que agente não conhece, vamos experimentar coisas que nós não conhecemos até então. E quando acontece isso quando falamos “agente é um grupo de pesquisa” Ai pesquisa, pesquisa, pesquisa... “agora vamos montar o espetáculo” e ai vai e joga tudo fora e começa a fazer aquilo que sempre fez em outros espetáculos, na hora que vai montar o espetáculo sabe-se que “Há ele é o cômico então faz você do jeito que você fez no outro espetáculo” e o espetáculo acaba repetindo algumas coisas, coisas que sempre tiveram em outros espetáculos por conta do que? Nossa será que agente está fazendo jus a esse nome teatro de pesquisa? Teatro que vai a busca daquilo que eu não conheço?
Outro aspecto importante é que nós temos a tendência de achar que a pesquisa é só agente sentar e abrir um livro, consultar a internet e esquecemos que o ensaio dia a dia ele também é uma pesquisa. Por exemplo, você chegou lá e disse “vamos fazer uma marcação de cena” e então você diz: “Você fica mais no meio, você fica mais na ponta...” Ai você percebe que isso gerou um sentido, “Não está bom, vamos mudar!” Com isso você está pesquisando onde será o melhor local, esta experimentando e isso também é pesquisa.
Uma coisa que eu acho legal agente pensar é “O que é agente pesquisar? O que é pesquisa?” Com isso podemos perceber como é que funciona essa relação de teórico e prático? Como é que funciona essa relação de montar um espetáculo? Se o espetáculo quando está pronto e se apresentando, já terminou a pesquisa?
Eu acho assim uma analogia a algo científico ”Estamos buscando a cura da doença X” Agente não sabe ainda como curar, não tem a menor noção, é ago que agente não conhece, o que se faz então? “Vamos a busca desse desconhecido!” Mas, no entanto, existe uma inquietação interna “Poxa tem uma doença X que agente precisa resolver para que? Para melhorar a vida das pessoas!” Essa inquietação move para que você mergulhe no desconhecido e comece a buscar coisas, é uma pesquisa que não acaba nunca.
Nas Artes é a mesma questão, pensa na nossa linguagem de teatro, existe uma inquietação, você quer dizer algo, você tem uma inquietação artística, você tem uma reflexão sobre a realidade, enfim você vai ter que achar quais as maneiras de dizer isso cenicamente e dizer isso cenicamente não é só uma questão de texto, senão você faria um seminário e estava resolvido o assunto, mas significa que é: Como é que você vai articular todas as formas que compõe o espetáculo? Como é que você vai pegar, por exemplo, a luz com o gesto do ator? A cor do figurino? A forma do figurino? O espaço em que vai acontecer esse espetáculo? Tudo isso é uma pesquisa.
Tentem lembrar os processos que vocês viveram com os seus grupos, nas montagens que vocês já fizeram, porque isso que estou dizendo é muito bonito e fácil de entender, mas na hora que a coisa está acontecendo, na hora que vai ter que resolver a cena, ai você pega aquilo que você já conhece e coloca – aquela coisa que funciona então agente sabe que se de repente ficar uma piada engraçada ou alguma referencia muito forte, pronto!Não é a comédia que você queria fazer? Tai ai! Você fez a comédia. Só que ai você já foi naquilo que todo mundo já conhece. A pesquisa na verdade é ago que você não conhece.
Vamos fazer agora uma analogia com o descobrimento do Brasil, imagina os europeus saindo de barco sem saber onde iria dar, embora nós saibamos que não foi bem assim eles sabiam mais ou menos, mas o fato é que eles tinham parâmetros que orientavam aquela busca ao desconhecido, então, quando agente está fazendo um processo de pesquisa é porque há uma inquietação com isso vamos tentar achar uma forma pra isso se manifestar cenicamente, como que agente vai fazer isso?
Há parâmetros e como agente estabelece essas parâmetros? A talvez seja interessante nós lermos o livro X, beleza! Já é material para nossa pesquisa, bem talvez seja interessante agente ir até o museu da língua portuguesa que pode ser um material rico, então já não é uma referência a um livro e sim uma visita, talvez seja interessante nós fazermos exercícios de corpo onde usamos só as articulações dos pés e dos joelhos, mais um parâmetro. Tudo isso em busca de manifestar aquela inquietação que você quer de uma maneira cênica e que é desconhecido. Fica complicado entender a pesquisa quando agente coloca assim – “Pesquisar por pesquisar”.
É muito difícil ir para algo totalmente desconhecido, ir à busca do desconhecido, você tem uma intuição, uma inquietação, uma reflexão, uma idéia sobre algo, mas você não sabe como colocar aquele algo na cena, e colocar esse algo na cena não basta escrever um texto porque a cena não se sustenta só com o texto então significa que a pesquisa pode ser assim “vamos experimentar a música, então você faz essa trajetória daqui a te ali e agora coloca a música tal e vamos ver se da certo” “Xi não deu” não é ainda não ta ali, com isso você parte pra outra pesquisa “Então vamos mudar o gesto ou tentar outra coisa”. Entende? Isso é a pesquisa na própria cena que está acontecendo, experimentando várias vezes pra ver onde vai dar. Com isso tem que errar, o erro vai ser fundamental.
Toda pesquisa ela precisa ter um recorte, ela precisa ter um parâmetro, você não pode chegar e falar que esta pesquisando sobre o mundo, em uma única peça você vai falar sobre o mundo todo? Impossível! Com isso você tem o recorte “Sobre o que você quer falar?” ”vamos falar sobre o bloco de papel” bem ai já fica mais claro o nosso recorte, a questão é Como nós vamos pesquisar o bloco de papel? Logo nós temos o recorte, pois não será mais o mundo e sim algo mais específico o bloco de papel, e como vamos fazer isso? Pode ser distribuir um bloco de papel pra cada ator e cada um deles vai manuseá-lo de forma frenética e com isso vai se produzir sons e o público fica no meio, só um pequeno exemplo, Sacam?
Se nós temos um recorte para a nossa pesquisa como agente vai pesquisar pode ajudar a resolver algumas coisas da cena que até então agente não estava imaginando, então quando você diz que vai fazer uma pesquisa no museu de língua portuguesa isso vai ajudar de certa forma na transposição das cenas, ou não. O importante é que você tem um parâmetro muito objetivo e muito claro.
O como realizar uma pesquisa também é uma criação e isso é importantíssimo! Agente acha que pesquisar é ir direto para a internet, “Poxa, mas agente não está pesquisando outra maneira de fazer um espetáculo?” e se a pesquisa faz parte da construção do espetáculo significa que essa pesquisa também é uma criação então vamos ter que usar a nossa criatividade para achar formas de pesquisar.
A criatividade ela não acontece por acaso e ai a importância da pesquisa, uma pesquisa não é exatamente uma intenção ou algo que você acha, ela é trabalho. De que maneira vou pesquisar o recorte que eu fiz? Que pode bolar outras séries de coisas que não exatamente a internet, a internet é uma das fontes validas, mas que é apenas só uma das possibilidades válidas e interessantes e quando você pensa assim já está incutido o processo de criação, o pensar outras formas de abordar isso também então o texto pode ser e alguma pratica também e isso significa que essas escolhas que você faz de como pesquisá-las vão te dando caminhos de como será essa cena, vão te dando alternativas na construção dessa cena, você vai entrando em um terreno que você não conhecia até então e ai desencadeia um processo literalmente.
A importância do parâmetro - vamos supor que vamos montar uma peça do Shakespeare, Ok estudo todas as peças do Shakespeare, toda a vida do Shakespeare, toda a Inglaterra Elisabetana e ai chega ao final e você fica louco e com isso você vai querer colocar tudo em cena e o espetáculo fica muito chato, e ai eu pergunto Era tudo que você queria por em cena? Por isso qual o recorte da sua pesquisa? Não só queríamos falar que o Shakespeare viveu na Inglaterra do século XVI, não precisa colocar o resto.
Quando temos um foco de pesquisa não estamos limitando nossa pesquisa, pelo contrário, pois a forma de pesquisar esse recorte é muito ampla e também agente vai perceber se estamos desviando muito do foco ou não e você só vai saber por que você tem um parâmetro.
Como agente vai abordar esse material que agente vai pesquisar? De que maneira agente pode abordar isso? De que forma agente pode pesquisar? Por exemplo, o tema a ser pesquisado é a angústia, ninguém vai abordar a angústia diretamente, vamos criar personagens para abordar a angústia isso é uma forma de criação e pesquisa, podemos achar as mais variáveis possíveis, poderia ser o contrário – ninguém pode trazer personagens eu quero que vocês trabalhem com alguns elementos, uma bola, brinquedo, seja algo o que te de angústia, ou queria que cada um dos integrantes do grupo levassem os demais a lugares que angustiam de certa forma esse integrante com a relação desse espaço. Isso é a criação de alternativas.
Ás vezes só vamos saber com o público se agente está conseguindo por cenicamente aquela nossa reflexão, aquele nosso recorte? Isso é uma pesquisa junto com o público, junto com seus comentários e com isso repensarmos. Cada pessoa ela vai fazer sua interpretação, no entanto ela te da um parâmetro muito interessante para você pesquisar. O laboratório um dia foi inventado para cobrir uma lacuna de pesquisa, que se transformou em uma das técnicas de pesquisa.


Direção Coletiva – Colaborativa – Centralizadora. Mediação: Ivan Delmanto
Registro: Deco Borelli
Como tomar decisão num processo coletivo? Como trabalhar em grupo? Chega alguém novo e interfere no processo. Surgimento do grupo. A chave está no processo de criação. Autocrata – uma pessoa para resolver as contradições. Coletivo – busca harmonia, apaziguar as contradições. Colaborativo – depende das contradições. Direção Autocrata: palavra final do diretor. Coletiva: decisão em conjunto. Colaborativa: há divisão de funções, decisão em conjunto. Coletiva: Liberdade de expressão e pensamento. Colaborativa: há funções, porém todos têm liberdade, entendimento de todas as cenas. Coletiva: todos são responsáveis por pelo todo. Sem Direção: sem divisão de funções, todos podem opinar. Colaborativa: mediação todos opinam. Diretor amarra as idéias. Autocrático: não por que o autocrata não existe liberdade de criação, porém quem tem a decisão final é o diretor (o que distingue do colaborativo). Diretores de fora, caráter autocrata (processo mais antigo; surgimento do capitalismo; talvez o mais empregado). Diretor antigo: é orientado – todos colaboram – centralizador democrático – não tem problema em obedecer uma “ordem” do diretor – liberdade para mudar o texto – não tem duelo de egos. Ainda temos grupos que acham que o coletivo é querer mandar – respirar a energia dos outros (no que ela acredita). Na cena quem dirige é você, pois somos donos de nossos atos. Diretor tem de ter o controle do grupo, para o grupo não se perder. Construir junto – direção é colaborativa / Quando a autocrata pode ser usada. Junção do coletivo é colaborativo. Colaborativo: fusão do coletivo com o autocrata. Todos podem ajudar no trabalho alheio, sem que a divisão de tarefas se perca. Decisão coletiva – a maioria decide. Diretor é o sentimento, a emoção do grupo, fazer com que o ator alcance a emoção que lhe é exigida, aflorar o verdadeiro sentimento da personagem, disse um diretor da Globo. Ivan: o fato do diretor propor uma seqüência de ações e pedir para os atores imitarem, não quer dizer nada, pois os atores vêem como uma plataforma para criar novas ações. Não se distingue de quem é a decisão final. Por mais que eu



Fluxo de pessoas que entram e saem. Subsistência do grupo
Mediação Cuca Bolaffi
Registro: Paulo Faria
Pontos positivos para a permanência de integrantes em um grupo:
1. O grupo consegue manter seus integrantes através da continuidade dos encontros.
2. Espaço apropriado para o trabalho. Por vezes um espaço sem condições de higiene, segurança, de iluminação é fator determinante para sua diluição.
3. Um número superior a 10 (tem grupo com 40 integrantes) dificulta que o grupo consiga reunir a todos. É necessário ter o número real de interessados. E a montagem corresponda a esse número de atores, e não ficar procurando novo integrante por essa necessidade e não por afinidades de idéias.
4. Uma liderança que ajude a capitanear o grupo, não necessariamente o diretor, é fundamental para a existência de um grupo.
5. Cenários simples para que ajude na circulação do grupo; que na grande maioria transporta objetos e cenários em ônibus.
6. Criação de um estatuto interno que direcione uma norma de convivência, para que sejam respeitadas as diferenças e cobre as responsabilidades.
7. Pauta para que as reuniões não se estendam no tempo e todos saibam quais os temas que serão tratados.

Pontos negativos que ajudam a saída de integrantes de um grupo:
1. A falta nos ensaios e apresentações.
2. A falta de respeito pelo coletivo faz com que algumas pessoas sejam convidadas a sair. O processo ajuda a selecionar naturalmente os integrantes de um grupo. Tem pessoas que não tem o perfil do grupo. Não se afinam com seus combinados.

Relações do grupo. (funções artísticas / de organização / divisão de tarefas)
Mediação: Marcelo Reis
Registro: Aline C. Silva – Grupo Pé di Pano
Tudo que é feito com dedicação, tem resultado. Antes de tudo, saber como cada grupo se subdivide com suas tarefas. Cada integrante fica responsável por cada tarefa, não sobrecarregando assim cada pessoa. Todas as decisões são coletivas, tendo a liberdade de questionar. Apesar de cada um ter uma função, elas podem ser reorganizadas para não ficar uma coisa monótona. È legal cada integrante experimentar o que dá certo, além de atuar; por exemplo, dirigir um espetáculo ou criar um musical. É muito importante o grupo estabelecer uma confiança e sinceridade; (para falar o que pensa.) É sempre ter personagens reservas para estar disponível quando um integrante não puder ir. Após cada espetáculo, é importante o grupo se unir e pensar o que foi bom e o que não foi. O que precisa mudar para o próximo ser melhor. É importante também cada integrante aceitar as críticas que são feitas, e não ver a crítica como crítica, mas sim como uma forma melhorar o personagem. Na hora de decidir um novo espetáculo, todos trazem textos e o grupo lê e vê em qual personagem se encaixa melhor. Geralmente os textos já estão adaptados por autores e não pelo grupo em si, apesar de o grupo fazer algumas modificações. É super importante não haver brigas no grupo.

Formação de Público. Pra quem o grupo se apresenta? Mediação: Paulo Celestino
Registro: integrante de grupo participante
Pra quem o grupo prefere se apresentar, onde o grupo se apresenta e por quê? O que nos motivou a fazer parte desta mesa? Pensamos em como passar a mensagem do espetáculo? Como utilizar a linguagem do texto? O movimento traduz a palavra? Trocar teatro por televisão? Por que o público não comparece? Não se preocupe com o entendimento e sim com a intensidade da mensagem? Conquistar uma freqüência de apresentações no mesmo local.

O corpo na cena. Presença. Movimento. Coreografia. Mediação: Luís Ferron
Registro: integrante de grupo participante
“Beleza no corpo”. O corpo como estética não é mais a proposta. “Fala do corpo”. De quem é o corpo não interessa. A mensagem que o corpo passa. Viver as culturas para ter um corpo formado apenas na técnica não funciona. A importância: os três temas estão interligados. Minha descoberta me traz a presença que gera o movimento. Relação com a naturalidade: detalhes, gestos, pequenas coisas mostram. Coreografia é uma estrutura armada; presença difere da coreografia. Presença. Os movimentos geram a presença. Demonstra a personalidade da pessoa. Associar os movimentos. Clown. A conquista do estado corporal do clown: estado de espírito. Bufão: o extremo do movimento, concentração da energia. . Augusto: corpo leve, relaxado. Expansão da energia. Trabalho com exercícios. Trabalho com a expressão, para fazer é necessário experimentar, ter sensações corporais. Você é presença se você é inteiro. O gesto é resultado de uma apropriação. O corpo se forma a partir das emoções. Não adianta querer falar de clown se não o viveu. Memória muscular: treinamento para o corpo responder. Energia gera integridade que gera presença. Ação surge a partir das memórias. Tudo vem do treinamento. Não há presença apenas com idéias. Sistema nervoso: inteligência sensorial e motora. Apenas com o treinamento aguça os movimentos. Olhar o corpo. 1. Corpo cotidiano. 2. Conexão plena: hora de ir para a cena. 3. Integridade com o outro (diálogo). 4. Quando a platéia comunga; se a platéia não recebe não houve presença. A prática deixa o corpo inteligente. Percepção: chave do conhecimento do corpo. Primeiro movimento: corporal – tudo relacionado ao personagem. Movimento gera dramaturgia. Segundo movimento: está em tudo (cênico). Ritmo é movimento. Coreografia: é a cena – relação do movimento com a presença.

Escolha de repertório. Linguagem. Opções Estéticas.
Mediação: Eliana Monteiro
" Escolhemos O QUÊ vamos montar! De que maneira pensamos, trabalhamos o COMO o material/a peça será montada?" Juliana Monteiro
Registro: Lilih Curi
Gilson/Purangaw – Vive situações similares aos grupos que se apresentaram. Falta Espaço para ensaio. É uma trupe de atores que alguns “estão” diretores. O grupo monta um espetáculo por ano. O tema é pretexto para montagem. O foco está na preparação do ator (voz, vivência, presença, personagem). Investem no repertório do grupo.
Objetivo: Melhoria de Qualidade do Grupo
Juliana (AO do Núcleo de Estudos e Direção) – Faz colocação sobre a comunicabilidade, sobre o que o teatro tem como potencialidade de comunicação.
Eliana /Ao e do Teatro da Vertigem – Passa pelos mesmos problemas / Falta de Espaço
Tommy / JALC – A base é a filosofia da Igreja “com portas abertas” para sair, ir além. Pensam em abrir a visão para o mundo, esse é o exercício com os integrantes. Ele é sonoplasta e iluminador, agora RP do grupo fazendo o site!! Fala da importância do Donizete no grupo, um dos fundadores, dramaturgo e diretor. Fala da importância do Padre Jaime, líder espiritual da igreja.
Daniele e Paulo/ Identidade Oculta – Perguntaram ao grupo porque Nelson? Ele respondeu Porque não Nelson Rodrigues?? Reflete sobre os personagens que podem ser qualquer um de nós. Fala sobre o riso no processo de reflexão e do ponto de pesquisa – a humanidade a mídia sensasionalista.
Giovani/Pé de Pano – Trabalha sempre com comédia/ Sente vontade de “ramificar”. Fala sobre “A Farsa do Boi”, montagem com orientação do AOP Márico Martins, e do espírito e identidade nortista do grupo.
Leonardo/ Grupo Vital – “Nossa Língua” fala do êxodo rural. Elizabete é a líder. O foco, e a origem do tema do espetáculo surgiu do coletivo, pq queriam falar sobre a “fofoca”. Início do grupo foi em 90. Têm identidade com a comédia. O objetivo, foco do grupo , é o teatro como ferramenta de melhoria social.
(visitante) Maurício da Revista Bacante – Valoriza a importante função do Vocacional de abarcar a pluralidade, profissionais e não-profissionais. Veio ao evento para saber o que está sendo discutido, pensado!!!! – www.bacante.com.br
Registro: integrante de grupo participante
Nelson Rodrigues, “O Beijo no asfalto”, uma visão adulta, visceral, agressiva, mas humana, o drama foi uma escolha focada em critica na mídia sensacionalista, humanidade impactante. Essa reunião de hoje foi uma troca de idéias e pontos de vista muito legal. Ao certo eu não tinha idéia do que iria se suceder hoje e vi que valeu a pena. Realmente essa interação entre grupos teatrais dos mais diversos lugares sobre o que é teatro foi bom. Só achei que hoje foi muito pouco tempo para conversar, eu poderia ficar o dia todo aqui, este encontro foi muito bom.

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